Pois então, crianças, tô lendo, né? Lendo o q quero e não o q mandam as orientações acadêmicas *… Ultimamente, ando devorando Clarice. Não lia, achava difícil, pesado… No máximo as frases soltas . Mudei. Sabe aquela lendinha d que não escolhemos os livros, mas eles nos escolhem? Pois é, acho q é verdade mermo, mermão! Ganhei em dezembro um livro (A descoberta do Mundo) da Vê. Ainda não terminei e, pelo q sinto de Clarice, é assim mesmo q deve ser. Tem q ser aos poucos, sem pressa. Leio um cadím td dia e, sendo o livro um livro de crônicas, não corro o risco de perder o fio da meada. Comecei a ler o livro e que delícia!!!!! Tantas coisas marcadas, tanta gente lembrada, tanto de mim encontrado em palavras. Por isso acho que o livro nos escolhe. E só a Vê p conseguir lá de longe saber-sem-saber-que-sabe do q eu preciso.
Fui p Roça Imperial e esqueci o livro: Burra! Fiz o q? Comprei outro? Brilhante! Comprei o “Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres” pq já tinha ouvido tanto falar e estava há muito tempo namorando. Alguém q foi um forte e intenso presente da vida ano passado (2008? caraca! o tempo passa, o tempo voa e a poupança…. eu sou mt desnecessária às vezes, credo!) fala mt deste livro e aí nunca foi tão legal estar sozinhando na livraria em um sábado de tarde. E com um cartão na bolsa.
Então, comecei a ler. Estranhei. O início é meio Saramago, com uma pontuação esquisita e até a falta dela em alguns momentos. Depois entra nos eixos, no q temos por normal. Eu realmente não percebo bem as coisas, deve ser por isso q não conseguia entender Clarice (vcs vao entender porque disso). Estava lendo, marcando umas coisas e me deparei com uma parte** q lembrou o meu maridinho do cerrado, aquele doverlandense safado. Resolvi escrever um torpedin p ele falando sobre livro e com a parte q o trouxe lá de longe p perto de mim. Ele, como muito sabido q é, já leu e ainda me fez umas observações. Se n tivesse vindo dele, poderia ser pedante, porque na msg, entre outras coisas, ele foi extremamente preciso, escreveu: “leia pag 23” E me falou sobre aprendizagem e tals. Só aí q eu percebi q realmente o livro fala dessas coisas, de um auto conhecimento, de uma aprendizagem sobre td. Sobre a dor, sobre si mesma, sobre o amor, sobre o mundo… sobre aprender a viver, a se sentir ( e como isso é prazeroso, apesar d ser um processo bastante doído e lento, na minha opinião e experiência). E aí eu retomo aquela parte q diz q eu sou lesada. O nome do livro não poderia ser mais claro. Ainda bem q eu sou casada. E com um intelectual.
Aí, continuei lendo. E achei a parte q mais me tocou. Porque é o q mais tenho falado por aí, é o q mais tenho tentado permitir a mim mesma. Ser. O que queremos, amar a tds (cada um requer um tipo de amor, mas é amor d qq forma) sem receio d posar de bobo ou de ingênuo (sim aos bregas, porque brega é Mara!), ter aquela inocência e verdade de criança, a fome, a esperança e a falta de vergonha p mostrar isso aos outros, coragem de ser o que sente***. O livro me escolheu. Ainda bem. Senti um ar fresco por alguém ter posto no papel o q tenho na caixola.
Enjoy, bando:
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“E então você não quis mais nada disso. E parou com a possibilidade de dor, o que nunca se faz impunemente. Apenas parou e nada encontrou além disso. Eu não digo que eu tenha muito, mas tenho ainda a procura intensa e uma esperança violenta. Não esta sua voz baixa e doce. E eu não choro, se for preciso um dia eu grito, Lóri. Esperarei nem que sejam anos que você também tenha corpo-alma para amar. Nós ainda somos moços, podemos perder algum tempo sem perder a vida inteira. Mas olhe para todos ao seu redor e veja o que temos feito de nós e a isso considerado vitória nossa de cada dia. Não temos amado, acima de todas as coisas. Não temos aceito o que não se entende porque não queremos passar por tolos. Temos amontoado coisas e seguranças por não nos termos um ao outro. Não temos nenhuma alegria que já não tenha sido catalogada. Temos construído catedrais, e ficado do lado de fora pois as catedrais que nós mesmos construímos, tememos que sejam armadilhas. Não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos. Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: tens medo. Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda. Temos procurado nos salvar mas sem usar a palavra salvação para não nos envergonharmos de ser inocentes. Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer sua contextura de ódio, de amor, de ciúme e de tantos outros contraditórios. Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar nossa vida possível. Muitos de nós fazem arte por não saber como é a outra coisa. Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada. Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos no que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado uma gafe. Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses. Não temos sido puros e ingênuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer “pelo menos não fui tolo” e assim não ficarmos perpiexos antes de apagar a luz. Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos. Temos chamado de fraqueza a nossa candura. Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo. E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia.
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* Mas eu nem leio as orientações acadêmicas. No máximo, as obrigações rs
** “pensou no que ele estava se transformando para ela, no que ele parecia querer que ela soubesse, supôs que ele queria ensinar-lhe a viver sem dor apenas”
*** Assim, tenho feito isso e me escangalhado um bocado, mas tô conseguindo montar os cacos e, depois de pronto, o quebra cabeça, se parece mais comigo. De repente, não seria um quebra cabeção com tantas peças se td mundo tivesse sendo. Alguns me acham sensível, passional e sei lá o q! mas, no fundo, a minha força vem da minha doçura, beibe.
E eu juro q não acho bonito ser tão clichê!